Como o controle das finanças pode evitar que sua empresa feche no 1º ano

08 de julho de 2025
Economia Uol

Uma em cada quatro empresas no Brasil não sobrevive ao primeiro ano de existência, como mostra pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Mas o que fazer para não fechar as portas logo no primeiro ano? Especialistas ouvidos por UOL Economia dão uma série de recomendações, que vão desde não misturar contas pessoais com a da empresa até fazer controle de fluxo de caixa e de estoque.

 

O que fazer

Tenha em mente que, nos primeiros meses, o negócio pode não dar lucro. Isso ocorre por conta dos custos iniciais de investimento e porque conquistar clientes leva tempo. Esse período "sem lucro" varia conforme a empresa e segmento, observa o especialista em modelagem de negócios e professor de administração na Fadergs (Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul), Adão Rocha. "Em algum tempo - seis, dez, oito meses, dependendo do segmento - (a empresa) não vai gerar receita suficiente para cobrir todos os gastos da organização", observa o professor.

Antes de abrir, tenha uma "poupança" para cobrir custos fixos. A reserva financeira é chamada no linguajar empresarial de "capital de giro", que é o valor para cobrir as despesas fixas, como aluguel e funcionários, por exemplo. A recomendação é ter guardado entre seis a 12 meses, orienta Jhonny Martins, contador e vice-presidente do Serac. "Por exemplo, se a sua empresa tem custos fixos de R$ 50 mil, você precisa ter isso na conta para fazer esse dinheiro girar, para honrar fornecedores, comprar insumos", observa Martins. A ideia é ter uma reserva para cobrir as despesas de meses mais "fracos", observa Rocha.

Tenha uma conta de banco exclusivamente para a empresa, separada da conta pessoal. Isso facilita analisar como está a saúde financeira do negócio. Ao se ter uma conta misturada, fica difícil ver o que, de fato, é da empresa e o que é conta pessoal. E hoje há bancos que não cobram taxas de manutenção para a conta empresarial.

Empresas amadoras misturam despesas pessoais com empresariais. A pessoa paga com o cartão de crédito pessoal dela na conta da empresa. Paga uma conta da empresa com a conta pessoal. E aí você não tem a real saúde financeira da empresa, porque está tudo misturado. Aí você não sabe qual o resultado da sua empresa e não sabe qual o resultado da sua pessoa física, uma coisa se mistura com a outra. E muitas vezes a sua empresa é prejudicada por conta disso.

Jhonny Martins, contador e vice-presidente do Serac

 

Anote tudo que entra e sai do caixa da empresa. Essa movimentação é chamada no meio empresarial de fluxo de caixa e é mais uma maneira de verificar a saúde financeira da empresa. "O controle financeiro tem que ser algo muito próximo, saber quanto vai receber e quanto vai pagar é fundamental para sobrevivência da empresa", observa Giovanni Beviláqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae Nacional. Já o professor da Fadergs recomenda que essas anotações sejam registradas diariamente e, de preferência, em uma planilha ou um software específico.

O empreendedor tem que ter certa disciplina, anotar em algum lugar, não pode deixar para depois. Se não fizer o lançamento, não tem o controle. Tem gente que diz: vou lançar no final do dia. Mas não vai lançar.

Adão Rocha, especialista em modelagem de negócios e professor de administração na Fadergs.

Realize o controle de estoque, cuidando inclusive do prazo de validade dos produtos. O estoque é, segundo Martins, a entrada e saída dos produtos. E fazer o acompanhamento permite evitar perdas ou gastos adicionais. "Quando o empresário vende produtos, ele precisa saber controlar os estoques. Se tem produtos de menos, (ele) não consegue vender. Se tem produtos demais, acaba tendo que 'queimar' alguns produtos e tendo que prejudicar sua margem", explica o contador.

Conheça melhor o seu cliente e saiba a sua "dor", ou seja, o que ele está precisando. Saber qual é, de fato, o perfil do cliente permite dar direcionamento ao negócio e evitar apostas erradas. É interessante que o empreendedor perceba qual é faixa etária, ocupação, renda e as exigências do público, recomenda o professor da Fadergs. Também se orienta que os empreendedores identifiquem qual a "dor" que está resolvendo para o cliente, ou seja, qual solução que a empresa está apresentando para solucionar um problema.

Lá no cartão CNPJ está escrito "Razão social". É a razão pela qual a empresa existe para a sociedade, qual a solução que vai trazer. E quando a gente fala em razão social, está muito mais ligada em ações. (...) O primeiro passo para uma empresa entender o crescimento é entender para qual mercado ela vai solucionar algum tipo de dor e para quem vender. Ganhar dinheiro é importante, mas como não perder dinheiro é tão importante quanto.

Jhonny Martins, contador e vice-presidente do Serac

 

Foque nas vendas. "O ponto de partida de todas as empresas é a venda. Onde há vendas, não há problemas. E onde não há vendas, transbordam os problemas. Primeiro você vende e, depois, você arruma a casa. E não ao contrário. As empresas que quebram não se preocupam com vendas, se preocupam em estruturar os negócios. Mas se você não tem dinheiro, não consegue estruturar", observa Martins.

Empresas com mais planejamento e gestão sobrevivem mais em relação a empresas que não fazem isso. Empresas que sobrevivem por mais tempo estão atentas ao mercado.

Giovanni Beviláqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae Nacional.

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